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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Para Miguel

Há alguns anos atrás me despedi de você com o poema ausência, de Vinicius de Moraes.
Eu te escrevi: “Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida”.
Seguimos amigos, prosseguimos irmãos, e tua amizade para mim sempre foi força e proteção com a qual eu poderia contar.
Devo a você alguns dos melhores e mais gratos momentos da minha vida.
Há tanto para lembrar... O que teria sido mais doce?
Dançar Enya na beira da praia em plena madrugada? Ficar horas ouvindo a trilha sonora de Cinema Paradiso em silencio absoluto, trocando apenas sorriso olhar e tantos outros gestos nobres que só um grande amigo, um irmão como você poderia ofertar?
Convencer-me a trocar filosofia por jornalismo e me ligar um dia antes da publicação em A Tribuna para me contar em primeira mão que eu ia ser sua colega? Dançar comigo a valsa da formatura quando por engano o Mestre de cerimonia chamou meu nome no ano em que não pude me formar? Assistir as minhas apresentações de dança e meus espetáculos sentando na primeira fila e aplaudindo espalhafatoso chamando meu nome e assobiando? rs ou contar meus segredos pra você, as minhas contradições e encontrar em você carinho ao invés da reprovação usual das outras pessoas? Dar risada das suas graças, como no primeiro dia de aula em que você deixou uma câmera de vídeo em frente à secretaria da FACOS, gravando as reações mais esdruxulas possíveis dos estudantes que iam lá fazer sua matricula e ao final do dia e muitos micos depois, você concluir... É incrível o que as pessoas fazem quando pensam que estão em frente a uma câmera ligada (e mostrou que a câmera não estava gravando nada, era só uma experiência “antropológica e psicossocial do comportamento humano” rs
Lembro-me de você na ocupação da reitoria, paizão de todo mundo, irmão mais velho, amigo, conselheiro. Lembro de você em tantos lugares que não cabem nesse breve espaço de falar. Lembro ainda de uma conversa que fiquei te devendo e nunca paguei, e claro, não esqueço e não esquecerei cada riso meu roubado por você.
Se você soubesse o quanto aprendi da vida contigo o quanto mudei da minha vida por seus amorosos conselhos. Se você soubesse tanta coisa... Será que chegando aí no céu Deus vai te contar tudo? Será que você vai ficar sabendo que sua enfermidade reaproximou os afastados, reuniu os distantes e estreitou laços entre gente que nem se conhecia?
Tudo porque oramos, vibramos e torcemos por você. Porque tínhamos em comum amizade, carinho e admiração por ti. E porque ter pudor em dizer? Todo amor!
Tudo porque te amávamos, querido amigo, e essa passagem para esse mundo novo aí que você está descortinando, não pode mudar isso. É só um intervalo até a nossa próxima aventura lado a lado.
Nós os teus amigos, esperamos o dia em que sentaremos à mesa juntos novamente para mais uma cerveja, um trago e um abraço. Esperaremos ansiosos pela próxima gargalhada juntos, mas até lá, permita-nos chorar um pouco, porque como dizia o poema de Vinicius que um dia te enviei: “E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas. Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada." 

11 comentários:

  1. Com os olhos lagrimejando, deixo aqui meus sentimento. MIGUEL uma pessoa que não tive a oportunidade de conhecer pessoalmente, mas conheci um coração repleto de amor e muitas energias, com poucas palavras ele me fazia sentir forte e capaz, uma pessoa que sabia o que dizer quando precisávamos de uma palavra amiga.
    Meu amigo, homem,anjo em forma de luz, sinto em saber que você partiu, mas me conforto em saber que um dia vamos nós encontrar. QUE A LUZ DE NOSSO PAI CELESTIAL ESTEJA A LHE PROTEGER, MEU AMIGO PARA ETERNIDADE.

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  2. ah meu amor, que lindo...estou com os olhos cheios de lágrimas. Amo vc.

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  3. Fabi, que texto mágico. Perfeito!!!!
    E eu fiquei devendo uma cerva
    o fato é que nesta vida, sempre marcamos coisas, encontros, e colhemos desencontros
    ou seja, não concretizamos 10% dos reencontros
    e as coisas vão
    e meu amigo há de compreender
    e olha que gostaria de reencontrar todos vcs

    Lucas Tavares

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  4. Amor, tomei a liberdade de imprimir este texto. Tô levando pro Rafael e pra Juliana. Faço minhas todas as sensações que vc passa, pois meus sentimentos são iguais.... perdemos um irmão mais velho.... Beijos grandes!

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  5. Fabi, tive a oportunidade de fazer o curso de jornalismo na turma do Miguel. Vc descreveu com refinamento ímpar, tudo que ele significou na vida de quem o conheceu. Bom pra vc e para nós que tivemos o presente de conviver com ele. bj

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  6. Que lindo meu amor, muito inspirador. Que o Miguel descanse em paz ate' a proxima aventura conjunta!
    Fabio Mesquita

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  7. Fabi, incrivelmente vc disse tudo que tenho em mim sem dizer.
    Não conheci pessoalmente, mas o gostos por fotografia eram semelhantes aos meus.
    Mas quem sou eu para fazer tal omparação. Eu, uma simples amadora qua acaba de ganhar uma câmera.
    Enfim, Essa doçura de pessoa que é o Miguel (sim, continua sendo) me fez sentir ainda mais gosto pela fotografia e passei a fazer clic diante de quase todas as cenas que passam diante de meus olhos.
    Obrigada, Miguel, por despertar esse lado belo da vida em mim.
    Que suas fotos tiradas de agora em diante fiquem guardadas num livro especial e divino para que os que ai chegarem depois de você possam folhear e apreciar cada uma delas.
    Sucesso pra você ai, amigo.
    Luz!

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  8. Fabi querida, agradeço pelas lindas lembranças e palavras, compartilhando seus e nossos sentimentos... Te amo! Beijos

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  9. Caramaba... passei pra agradecer a visita e dou de cara com essa declaração linda! Parabéns, Fabi! Certeza que esse foi (é) um amigo especial! Bjos

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