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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Mais amor por favor

Em momentos de guerra, precisamos voltar nossos corações para a compaixão e a paz. Nesse fim de semana, quando mundo celebraria o dia internacional da paz, dois atentados terroristas chocaram o mundo. Como resposta o mundo joga na lama o Islam inteiro. Eu como cristã, creio que intolerância gera intolerância e ódio gera ódio, precisamos quebrar o círculo vicioso da maldade. Eu amo meus irmãos muçulmanos, e rogo a Deus que os ajude a separar o joio do trigo. Vivemos um momento em que todas as lideranças religiosas do mundo necessitam abrir os olhos para a seguinte realidade: Precisamos desesperadamente de mais amor!
A corrupção, a maldade, a opressão, o preconceitos, os racismos, sexismos e tantos outros ismos, nada mais são do que falta de amor.
Eu creio num Deus que me ensinou a amar o inimigo, porque então eu não amaria o diferente?

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Resiliência

Quando eu recebi o diagnóstico de Espondilite Anquilosante, confesso, fiquei confusa, perplexa e chocada.
Já havia mais de dez anos que eu lutava contra um inimigo invisível que me roubava a energia, a força e a vitalidade. Ainda assim, eu me choquei. 
Foi um misto de sentimentos. Por um lado eu me via absolutamente perplexa com o fato de que eu realmente tinha uma enfermidade crônica, incurável e o pior de tudo, debilitante e progressiva, mas por outro lado a enfermidade já estava aqui há muitos e muitos anos, minando minhas forças e sabotando meu futuro, então vamos lá! Qual a novidade?
A novidade é que meu inimigo agora tinha nome, e com o seu nome vieram juntas as armas para derrotá-lo.
E havia outro alívio. Eu não estava louca, não era frescura nem chilique.
Há dez anos atrás quando desconfiaram pela primeira vez de que eu pudesse ser portadora de uma doença autoimune, eu contei com pouquíssimos amigos ao meu lado.
Há dois que posso citar sem medo de ser injusta com todos os outros: Luciano Demetrius e Marina Korte.
Foi com ombro deles que eu contei quando chorei, surtei, desmontei.
Eu que era “firmona” na igreja. Cantava, dançava e ensinava as crianças a dançar, tive meu momento de queda e desespero. Na época, as dores eram insuportáveis, e eu desmaiava e perdia bebês.
Eu desabei! E com raras exceções, como a Silvia que até chorou quando eu contei da suspeita da médica, quase todos os outros lançavam olhares desconfiados, como se tudo não passasse de uma encenação exagerada. Na ocasião eu escrevi no meu blog que havia tomado um porre em São Paulo. Eu escrevia entre outras coisas sobre a generosidade de uma mulher estranha, que me encontrou vomitando no banheiro de um boteco da Rua Maria Antonia. Sentou ao meu lado, ali ao pé da privada, segurou a minha testa enquanto eu vomitava, e ainda acarinhava meus cabelos.
Não me fez uma pergunta, não me julgou. Sentou-se ali com uma bêbada desconhecida e tudo que fez foi dar amor. Eu comentei que naquele momento era como se visse o próprio Deus ali ajoelhado ao meu lado, cuidando de mim. E sim, essa é a visão que eu tenho de Deus.
Eu chorei com ela e comecei a gritar que ia morrer, que não ia mais conseguir dançar, que não poderia ter filhos e que teria uma vida cheia de limitações. Ela me abraçou e disse: Meu tio tem câncer. Eu sei como é triste enfrentar uma doença sendo assim tão jovem, mas vocês vão ficar bem.

Não tenha medo que tudo ficará bem.

E eu saí de lá tomando essas palavras como profecias para a minha vida e tendo a certeza de que eu havia encontrado uma dessas fadas de botequim.
Postei o que aconteceu no meu blog. E arrematei com uma música do Los Hermanos que dizia: Deus manda a cavalaria, que hoje a fé me abandonou. ( música original dizia: se existe Deus, manda a cavalaria).
Não sei se foi autocomiseração, carência ou puro excesso de sinceridade, mas o castigo veio a galope: O post do porre aliado a outras denuncias de má conduta cristã da minha parte (algumas absolutamente infundadas e caluniosas) me levaram a ser “disciplinada” pela direção da igreja.

Imagina que legal! Você descobre que está doente, toma um porre desesperada com a situação e daí é castigada por causa disso. Talvez o esperado fosse tomar o porre escondido e continuar fazendo cara de super santa, mesmo sentindo que o mundo ruía aos meus pés.
Apesar de toda dor eu não posso me queixar de nada disso.
 
A suspeita de uma doença ruim me levou ao limite da angustia e isso de certo modo foi absolutamente libertador.
Eu passei os primeiros dias cantando Chico Buarque: Façam muitas manhãs que se o mundo acabar eu ainda não fui feliz!
E daí decidi ser feliz na marra!
Isso colocou muitas coisas da minha vida em crise. Já não havia espaço para nada mais que não me fizesse bem.
Não posso dizer que isso chegou a ser algum tipo de manifestação hedonista. Eu sempre fui muito certinha, muito mais voltada aos outros do que a mim mesma, e nem sabia direito como fazer para viver só o que me agradava, mas eu comecei a tatear meu passado perdido e meu futuro embaçado.
Sabe quando a Clarice Lispector diz que ate cortar os próprios defeitos pode ser perigoso, porque não se sabe qual e o defeito que sustenta o edifício inteiro? Então, foi assim...
Cortei tanto das minhas loucuras, ousadias e rebeldias, que já não me achava não espelho.
Eu já não recitava a bíblia, mas Cecilia Meirelles: “Eu não tinha esse rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro. Nem estes olhos tão vazios, nem os lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas. Eu não tinha este coração que nem se se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face? “.  E Mario de Sá Carneiro: “Perdi-me dentro de mim porque eu era labirinto, e hoje quando me sinto, é com saudade de mim”.
Tudo ao meu redor sufocava, o trabalho, o casamento, a família e alguns de seus problemas recorrentes e um “tantão” de falsos amigos que jurava de pé junto que eu não percebia o mal que me causavam.
Apesar desse entorno, eu achava que teria a vida toda para consertar tudo e o senso de finitude me despertou rapidamente da letargia que me acometia.
Nessa época, minha jovem prima, que estava lutando no hospital lutando contra um lúpus horroroso era meu termômetro. Ela era ainda mais jovem que eu e tinha dois filhos para criar.
Foi nessa hora,  que os “conselhos” da Isadora Duncan deram direção pra minha vida: “ Você já foi ousada, não permita que a amansem”.
E daí endoidei, fui longe, rompi amarras, me libertei, me permiti, e infelizmente no processo, feri gente que não merecia, mas foi assim que recomecei, que me reconstruí e me reinventei. E foi assim que virei a mulher do Fabio, a mãe da Khadija, do Ferdinando e da Filomena (embora tenha perdido minha Mimi). Foi assim que saí do Brasil sem falar “uma palavra” de inglês para morar na Indonésia em pleno pós Tsunami.
A essa altura eu já sabia que não tinha Lupus, mas o médico já havia alertado: Algo autoimune você tem, mas o quê?
Oras bolas! Se ele ( o médico) não sabia, como é que eu ia saber?
Mas sabe quando você tem uma cicatriz, ou um defeitinho congênito e se acostuma com ele?
Eu acabei me acostumando com as dores nas articulações (as quais eu sempre atribuía ao excesso de esforço por causa da dança), com a bronquite, o prolapso da válvula mitral e todo o resto. Acho que já fazem tantos anos que não passo um único dia sem sentir dor que pra mim o que fazia diferença era só a intensidade da dor. Só que essa intensidade começou a sair de controle, o pé direito começou a enrijecer e o quadril começou a travar, as mãos perderam a força e o cansaço passou a ser muito intenso.
Começou a demorar um bom tempo até que eu pudesse pôr-me de pé e caminhar normalmente. (Se isso já seria bem chato para qualquer um de nós, imagina só o que significa para uma pessoa que dança, que pinta e que é mãe de uma bebê de quase três anos.)
Então já não dava mais para fazer vistas grossas e eu voltei a procurar médicos que pudessem lançar uma luz ao meu problema.
Eu já havia passado por inúmeros ortopedistas. Um deles depois de me receber torta de dor no seu consultório me perguntou se eu era “chiliquenta” e me disse que era normal que pessoas estressadas tivessem reações psicossomáticas. Eu perguntei a ele como que em 2 minutos ele havia chegado a conclusão de que tudo era apenas psicossomático e ele alegou que era porque eu andava curvada (cabisbaixa) e tinha um olhar de quem não dormia por muito tempo.
Eu então expliquei que havia chegado do Vietnam na tarde anterior e que tinha viajado 48 horas na classe econômica, sem esticar as pernas direito e sem dormir. Com um bebê pendurado no pescoço e uma mala na mão. Argumentei que estava torta de dor e não de depressão, stress ou falta de autoestima, dai ele me deu uma infiltração e me mandou embora. Isso foi há cerca de três anos atrás e teria ajudado muito se ele tivesse pedido exames ao invés de fazer uma consulta no estilo mãe Diná, tentando julgar meus sintomas pela cara torta que eu tinha em função de um jet leg horroroso.
O fato é que o paciente autoimune, principalmente aquele que ainda não foi diagnosticado, sofre horrores com esse tipo de “ bullying médico “.  Você passa por inúmeros especialistas e eles (quando não conseguem achar o diagnóstico) ficam tentando te convencer que você não tem nada demais. Você sai do consultório dos caras, desejando o cartão de um bom psiquiatra, afinal em teses você não passa de uma histérica, hipocondríaca e mal resolvida pessoa.
Lembro-me que a primeira vez que me queixei de dores articulares, falta de ar e dor no peito e os exames não mostraram nada, exceto um prolapso da válvula mitral bem leve, a médica me disse que pediria novos exames e que se nada fosse encontrado, ela me enviaria para um tratamento psicológico.
Eu tinha uns 22 anos quando ela me disse isso. Vejam que eu já podia estar sendo tratada há pelo menos 20 anos se os médicos por aí fossem mais holísticos, humildes e honestos a admitir que não sabem tudo, nem nunca saberão. É mais fácil, muito mais fácil culpar o paciente por sentir dor, cansaço e exaustão. Dai você desiste de procurar respostas e passa a conviver com a dor. Ela passa a fazer parte da vida e depois de um tempo você já nem lembra o que era ter uma vida sem dor.
E dizem por aí, que a tudo a gente se acostuma, não? Pois é...
As doenças autoimunes são doenças silenciosas. E são bem cruéis.
Se você conta que tem uma doença grave, as pessoas esperam um certo fator dramático na história. Quando você explica que não vai morrer disso, mas que às vezes fica cansada demais para varrer uma casa, e que já não consegue mais dançar como antes, ou que tem medo porque seu dedão está ficando torto, então as pessoas perdem a compaixão instantaneamente.
Seu cabelo não vai cair, você não vai morrer disso e nem tampouco vai se entrevar numa cama. Mas levantar a cada dia é um esforço múltiplo. Tudo dói, tudo trava e o cansaço é aberrante.
Talvez você me ache um tanto mórbida, mas eu precisava e queria falar sobre isso.
Eu precisava esgotar minhas dúvidas, meu sentimento de inadequação.
Eu preciso encontrar pessoas que pudessem me explicar pra onde isso tudo caminharia. Pessoas que me falassem sobre suas limitações e superações. Gente como eu que entenderia que ser portador de uma enfermidade não precisa te deixar com cara de lixo nem com aparência de doente, mas ao mesmo tempo explicar que uma aparência bonita não significa necessariamente, saúde. Existirão dias em que eu estarei com a cara ótima mas doente de verdade, mas desde já, aviso aos navegantes! Eu não vou parar de dançar.
Eu já dancei um dia inteiro com o pé quebrado, acha ndo que era so mau jeito. Ja ensaiei com o joelho amarrado e aprendi com a Cláudia Alonso e alguns outros amigos e parceiros de teatro e dança, que a dor pode ser superada pelo prazer.
Imagino que seja algo assim como o parto. Um tipo de dor que compensa.
Ainda não sei como vou resolver isso, não é só a dor, a demora do diagnóstico fez isso espalhar e agora meu pulmão definitivamente decidiu parar de colaborar. Tenho tido repetidas crises de asma e tá muito difícil reverter qualquer gripinha sem ter que acabar apelando para antibiótico e corticoide, mas há muitas lições que podemos aprender diante de uma enfermidade:
Duas quais eu realmente latejam em meu peito agora, são: a efemeridade da vida e o poder da compaixão. No entanto há uma outra lição,  a maior de todas:
 O livro só acaba quando você escreve  fim.
Eu não sei em que ponto da historia da minha vida eu me encontro. Não sei quantos anos de vida me aguardam e tampouco sei o que essa enfermidade ira "fazer comigo". Mas uma coisa eu sei.
Essa historia não termina aqui. E não quero e não vou me resumir a essas pequenas lutas diárias.
Eu não vou sucumbir a essas dores.
Eu sou muito maior que isso e tenho muito a fazer nessa vida.
Tenho uma filha que e um verdadeiro anjo, um marido que eu amo feito louca,  amigos que eu adoro, e tenho ainda um mundo inteiro de sonhos e desejos e lutas particulares dos quais eu ainda não desisti (e há ainda as lutas que não são as minhas, mas as nossas, de toda a humanidade.) Ainda há muitas Belo Montes para fechar, muito educação para partilhar, muitos direitos humanos a se garantir, muita pobreza para vencer, muita arte para espalhar e muito empoderamento para partilhar.
Eu não vou sucumbir a nada disso, porque como diz o dito popular, que aquilo que não nos destrói, nos faz mais fortes. É o chavão mais verdadeiro do mundo! Então eu vou lá embaixo no porão das minhas duvidas e incertezas e vou chorar, espernear, ficar louca da vida, xingar o meu destino e bater boca com a minha sina, mas daí vou sair de lá,  em cima do salto alto.
Linda e de cabeça erguida, porque o bom de ter tido uma vida dura, é aprender a se reconstruir quantas vezes forem necessárias.
Essa não será a primeira, nem a ultima vez da minha vida, em que eu terei que me reinventar para sobreviver, mas sabe? Quando era adolescente eu li um livro chamado "a ilha da chuva e do vento". Não lembro mais nada da historia do livro, mas há uma coisa que nunca me saiu da cabeça.
Em uma parte da história, uma senhora nativa dizia a sua jovem filha: A vida é como um cavalo. Você monta nele e o domina. Diz o caminho que quer seguir e o conduz pela estrada que deseja ir, mas se você não toma as rédeas do cavalo, então ELE te leva para onde quer. E às vezes nem ele mesmo sabe pra onde está indo. Então nunca se esqueça: Tome a rédeas do cavalo. Tome as rédeas da sua vida.
 
A frase não era exatamente assim, mas essa foi a mensagem que ficou no meu coração para sempre (livros são poderosos eu sempre digo!).
Tenho ciência em que existirão dias eu que eu desabarei, e que vou achar que o mundo vai acabar. Vou ter raiva das dores, dos remédios e das limitações.
Haverão dias em que eu vou me deparar com a minha fraqueza e o meu cansaço. Eu sei disso. Mas hoje não. Hoje estou muito ocupada, encantada com a minha própria força.





segunda-feira, 8 de abril de 2013

Profissão de fé

Finalmente decidi quebrar meu silencio...

Apesar de ser super acelerada para muitas coisas acho que para outras eu sou um tanto lenta. Demorei um montao para me manifestar sobre os problemas no PT e agora mais um tempao para falar sobre o que penso e sinto sobre a atual situacao da igreja brasileira
Para comecar, quem sou eu para julgar seres humanos ou para fazer analises conjunturais de profundidade?
Nao sou nada. Sou a titica da galinha ou menos que isso, mas como diz um poema de Fernando Pessoa, “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo”. Entao eh exatamente isso que sou, e ha outra coisa dentro dessa que sou, que nao mudara.
Eu sou crista. Nao quero rotulos, legandas, subtitulos nem coerencia (visto que pra ser coerente muitas vezes nos tornamos absolutamente hipocritas).
Nao quero carregar o titulo de evangelica, protestante ou crente, porque isso sao termos limitantes e capciosos, ainda mais nos dias de hoje, mas sim, eu sigo crista. E sou uma crista assim, torta, falha, errada e confusa.
Mas porque decidi a essa altura da vida fazer essa “profissao de fe” ?
Porque ver a maneira preconceituosa com o qual os cristaos tem sido tratados, me fez crescer em meus brios. Aticou meu senso de tribo, meu sentimento de irmandade.
Nao que eu nao saiba e nao compreenda perfeitamente as razoes pelas quais temos sido odiados pelo mundo, e o problema nao eh ser odiado, porque a biblia ja havia previsto isso, mas o que muito me entristece eh saber que estamos sendo odiados pelo motivo errado.
Deviamos ser odiados por enfrentar os poderosos desse mundo. Deviamos ser odiados, por proteger as baleias dos baleeiros, por enfrentar os pedofilos e proteger as crancas, deveriamos apanhar da policia nas passeatas por dignidade e justica, deviamos passar frio nas madrugadas por proteger os moradores de rua, os abandonados e os desvalidos. Deviamos estar salvando criancas bruxas, libertando mulheres da violencia domestica, amando desmesuradamente a todos sem distincao.
O mundo esta caindo na cabeca, as pessoa estao morrendo de fome (seja de alimento ou de amor), doencas se espalham, miseria e violencia.
Tanto para fazer, tanto para lutar, mas NOS OS CRISTAOS estamos muito ocupados em sermos os arautos da moral e dos bons costumes.
Nos esquecemos que relacionamento com Deus e’ uma coisa absolutamente pessoal.
Queremos dar pitaco nisso como se fossemos o proprio Espirito Santo (a Biblia nao diz que eh ele que convence?) E tambem nao e’ essa biblia que diz que estamos aqui para sermos servos e nao juizes?
Entao porque diabos (diabos mesmo!) estamos gastando o nosso precioso tempo de pregar o evangelho, de curar, de salvar de levar as boas novas, para ficar questionando as escolhas alheias como se tivessemos algum direito de fazer isso.
Escolhas, sao pessoais. Nada eh mais soberano do que o Livre Arbitrio. Atentem-se para o fato de que o Livre Arbitrio eh uma coisa tao seria, que o proprio Deus TODO PODEROSO nao pode revoga-lo.
E se Deus nao pode interfirir no livre arbitrio dos seus, porque voce acha que pode?
As pessoas tem o direito de escolher time, profissao, partido, religiao. As pessoas tem direito de assumir sua orientacao sexual, sua vertente ideologica, onde vao passar as ferias!
E claro, as pessoas tambem tem o direito de discordar dessas escolhas, o que ela nao tem e’ o direito de dar pitaco, de julgar, de fazer lavagem cerebral. Julgar essas pessoas, deu a elas o direito de nos julgar tambem. E somos bem feios nao somos?
Achamos que nao devemos nos sentar a mesa com os escarnecedores, e elegemos como escarnecedores o gay, a puta (falei palavrao e ai?), o “drogado”... e dai achamos tao bonitinhos ficar em guetinhos cantando musiquinhas e batendo palminhas ritmadas, com nossa piadinhas sem graca e nosso crentes (com circunflexo ne e) de mau gosto. Nao nos preocupamos em tirar da nossa mesa o fofoqueiro, o ladrao, o corrupto, o mentiroso, o ganancioso, o falso profeta, a santa do pau oco...
Gastamos um tempao fazendo discursos vazios. Falando besteira.... eu ja ouvi de um infeliz que a madre Tereza de Calcuta nao ia pro ceu porque era catolica.
Hello!! Se a madre Tereza de Calcuta nao vai pro ceu, voce muito menos!!
E nao me venha com argumentos sobre a salvacao vir pela fe’ e nao pelas obras, porque todo “evangelico” que se preza, ja decorou essa cartilhinha.
A questao e’, se voce eh mesmo servo do Deus altissimo, geracao eleita, sacerdocio escolhido e mais um monte desses jargoes de “crente” que agora estao na moda (seja para o bem ou so por gente que ri de nos), entao me explica porque voce gasta a sua vida olhando a banda passar. Se voce esta tao cheio assim da presenca de Deus, levanda a bundinha da cadeira e vai fazer algo pelo proximo. E definitivamente, fazer algo pelo proximo nao e’ fazer sermao sobre a ma vida que ele escolheu.
Respeite a relacao intima entre Deus e seus filhos. Esteja la a disposicao, haja com compaixao, fale dos planos maravilhosos de Deus pra toda a humanidade e seja um arauto dele lutando contra as verdadeiras iniquidades desse mundo que sao a fome, a miseria, o abandono, a violencia, a pedofilia, os maus tratos a seres humanos e animais, os crimes ambientais...
Faca alguma coisa, meu irmao.
Eu nao sou nada. Ja fiz coisas muito tortas na vida. Nao sou a santa do pau oco, porque nem santa eu nunca disse que sou. Muita gente se decepciona com tipo de crente que eu sou. Implica com a minha cerveja, meu gosto musical, meus amigos bicho grilos e porra loucas. Minhas AMIGAS putas, meus amigos gays. Minha paixao por fadas, minhas puladas de cerca contra a minha propria fe’. Minhas incoerencias (como diz minha amiga Rejane Machado, dentro de mim tem uma puta e uma santa, quando uma se deita a outra levanta). Minha incompreensao quanto a intolerancia religiosa, minha discordancia em nao aceitar aqueles que sao diferentes de nos, e essa mania de esquecer que o legado da lei ja foi substituido pelo da graca ha muito tempo.
Eu nao sou ninguem para falar em nome dos evangelicos, mas esse tal Feliciano muito menos.
E esse Silas Malafaia? E tantos outros mal intencionados e destruir o evangelho com o veneno acido de suas linguas.
Eu sou errada, porra louca contraditoria, briguenta, encrenqueira...mas eu amo gente.
Eu amo gente, eu amo bicho, eu amo arvore, eu amo ate fada que nao existe.
E porque eu amo eu sou de Deus (por isso sereis conhecidos como meus filhos, por amarem  uns aos outros). Isso talvez salve meu dia... (e quica um dia salve a minha alma !).
O amor resgata, e salva, por isso quando vejo homens “ de Deus”  cheios de julgamento e veneno nas suas linguas eu me arrepio ate a alma, porque sei de onde esse tipo de gente vem.
A Intolerancia tem levado o mundo ao caos. A gente que anda mundo afora entende isso numa medida que quem nunca saiu do quarteirao nao consegue entender.
Imaginar que cristaos foram decaptados na indonesia a caminho do culto, ou muculmanos em paises catolicos que sao privados de alimento e vacina, simplesmente porque nao sao cristaos, ou budistas que incendeiam casas muculmanas (sabia disso?) porque nao toleram o islam, ou comunistas que encarceram cristaos, ou gays espancados com lampadas, mulheres mutiladas, trabalhadores espancados.
Tanta coisa pra se fazer e soh faz um exame de consciencia:
Se Jesus estivesse hoje no Brasil, ele estaria fazendo uma cruzada pela moral e os bons costumes? OU estaria la no Congresso Nacional dando chicotada na deputadaiada toda?
Estaria fazendo discursos anti gay ou socorrendo as criancas miseraveis recrutadas pelo trafico de drogas?
O poder seduz ne?
Todo mundo tinha que assistir “O Senhor dos aneis”. O quanto de cristiaismo autentico  ha nos ensinamentos desse livro.
Pelamor! O cara faz chapinha no cabelo! E’ um poco de vaidade e ego!
E fala no meu nome!
NO MEU NOME!
Nao! Nao fale! Voce nao me representa, voce nao representa o povo evangelico! Voce no maximo representa uma pequena parcela das igrejas neo-pentecostais, mas representar o povo de Deus???!!! NUNCAAAAA!
Pronto! Falei! Desopilei meu figado! E se voce, caro leitor, eh daquela turminha que fica bo meu facebook so para fucar meus defeitos, certificar-se do quao mundana e imunda eu sou, pronto! Nao precisa mais elocubrar, correr atras de provas ou buscar meio comprobatorios da minha mundanice.
Ta tudo ai escancarado. Eu sigo amando muculmanos, hindus, hare krishnas, putas, gays, anarquistas, ateus, comunistas, artistas, feministas e revolucionarios.
Nao mudei nada nao.
Tornei-me uma mae de familia com muito orgulho de continuar sendo essa ai que voce sempre considerou a escoria. (esclarecimento ao leitor: minha vida crista nunca foi exatamente um passeio. Ate sair do Brasil e encontrar gente mais esclarecida –e quer saber, muito mas muito espiritual mesmo! – eu comi  o pao que o diabo amassou dentro da igreja evangelica. (mas olha irmao, pode preparar o engov, que se a biblia estiver certa, voce vai ter que me aturar por uma eternidade la no ceu...rs)
Alias, isso nao vao mudar...sou mundana demais pra ser crista e carola demais para ser mundana. (talvez por isso o mundo das fadas me seja tao necessario, nesse mundo aqui, nao tem lugar pra mim nao).
No entanto agora que derrubei o caminhao de melancia na minha relacao com meus irmaos e com a minha igreja (a igreja de Jesus e nao nenhuma denominacao em especial) eu quero ter uma palavrinha com voce que gosta de tratar crente como a escoria da humanidade.
Eu to horrorizada com a quantidade de piadinhas maldosas e de mau gosto, contra cristaos evangelicos que tem circulado pela net hoje em dia. E espalhadas por pessoas esclarecidas, inteligentes, supostamente revolucionarias e batalhadoras ferrenhas pelo direito a diversidade.
Escuta gente, direito a diversidade, eh direito a diversidade.  Nao e’ pra fazer piada sobre “viado”  e tampouco piada com a moca que decidiu casar virgem. Liberdade eh ter direito ao tesao e a virgindade.
Liberdade e’ uma questao de respeito as decisoes, lembra?
Comecei esse texto falando sobre isso. Que diversidade eh essa que nao se permite ser ridicularizada mas que ridiculariza?
Isso eh fazer igual so que ao contrario!
Eu entendo que “ do rio que tudo arrasta, se diz violento, mas nao se diz violenta as margens que o oprimem (Brecht). “
Mais compaixao galera!
Ta faltando respeito e compaixao!
Eh uma era de intolerancias. Eu abomino a homofobia e acredito sinceramente no amor! Mas odiar o povo cristao e colocar todos nos num saco so, eh tao burro quanto ser homofobico.
As piadas que circulam no FB alimentam estereotipos negativos sobre cristaos:
Todo crente e’ ladrao, ou burro, ou ignorante, ou bitolado ou analfabeto, sem senso critico etc
Tem do gente! Isso eh preconceito!
Nao quero acreditar que a gente va combater preconceito com preconceito
Pelo amor de Deus. Esse pais tem sim pastores mal intencionados, ladroes e corruptos, mas gente assim tambem tem no Cadomble, no Kardecismo (quem nao lembra do amigo de Chico Xavier que estava cobrando lugar na fila, sem que o medium soubesse), tambem tem no Congresso Nacional, e nas ONGs? AAAAAHHH as Santas Ongs...ta cheinho de picareta, INGs (individuos nao governamentais) e ate ONGs aparentemente serias, lavando dinheiro, desviando verba.
Ser sacana e ladrao nao eh privilegio desta ou daquela religiao e nem mesmo de direita ou esquerda..tai o mensalao do PT e a privataria tucana do PSDB pra mostrar que desonestidade nao escolhe sexo, religiao e nem ideologia.
Tratar os pastores evangelicos como uma gente sem escrupulos eh adentrar em uma generalizacao muito perigosa.
A maioria dos pastores que eu conheco, da um ralo danado.
Conheci um pastor que era da area de saude que abandonou o consultorio para desenvolver um projeto social nas palafitas. Desviava de tiro de traficante pra ir na favela levar comida e alfabetizar, vendia tortas que a esposa fazia pelas ruas, para sustentar a familia, com duas meninas pequenas. Estava longe de ser um anjo de candura. Era durao, foi um dos que implicou com meu jeito pa virada de ser, mas tem meu respeito profundo.
Nas Filipinas conheci pastores que viviam com um salario infimo. Atuavam junto a uma congregacao miseravel e ganahavam pouco mais do que um salario minimo brasileiro para estar ali sujeitos a todo tipo de provacao (todo tipo mesmo! Tufao, terremoto, terrorismo, etc) na Indonesia, um pastor saiu “catando” criancas abandonadas na rua e levou todas pra casa dele. Hoje ele tem mais de dez filhos. Todos estudados, felizes e amados. Em Sao Paulo mesmo ha um casal que adotou 16 filhos. Um deles era marginal e espancou o pai que o adotou e o desafiou: Agora pode me devolver tambem...e o cara disse: Eu nao posso devolver um filho!
Ah gente, me desculpa, mas isso nao e’ pra qualquer um... o tio da minha amiga, levava pra casa prostitutas e travestis doentes e abandonados. PRA CASA DELE!!! Voce levaria?!!
Hoje moram com ele mais de uma de dezena de pessoas que ja nao passam mais fome, violencia ou desamor.
Isso e’ pouco para voce?
O povo de Deus (que segue a Deus de verdade, eh um povo do bem, cheio de amor, de vontade de fazer o bem (embora as vezes faca o mal, afinal todos nos somos apenas seres em construcao) e muita vontade de ajudar.
Eh por isso que faco aqui minha milionesima profissao de fe...(de fe torta mas persistente). Eu que brigo tanto com essa igreja, que detesto tanto como ela se comporta em tantos momentos, que ja sofri tantas decepcoes e desprezos, podia encontrar nesse momento, o momento exato para pular do barco..Facil, facil, mas muito covarde.
Eu sigo crendo em um Deus de misericordia, que nos criou a todos, e que nos ama, embora as vezes perca as estribeiras e mande diluvios e vulcao para “controle demografico de gente do mal “ rs.
Eu amo esse Deus que  na minha fe, enviou um filho de coracao tao afavel que escolheu nasceu nosso irmao e nao nosso chefe. Esse ser humano tao doce, porem tao forte. Que acolhia as criancas e acoitava os vendilhoes. Esse cara feminista, revolucionario, que chutou o pau da barraca e fez servos e senhores caminharem lado a lado.
Sou apaixonada por esse Jesus e a Ele eu entrego minha paixao por fadas, minha arrogancia, minha cervejinha, meu “fogo no rabo” e tudo que me faz eu, porque eu sei que ele me ama apesar de mim.
Voce pode ate duvidar que esse cara seja o filho de Deus, mas voce nao pode negar o legado que esse homem deixou a humanidade.
Ah Senhor, perdoa-me por ser tao inconsistente, contraditoria e infiel, e perdoa tambem a tua igreja por ser tao arrogante e sem tato. Ajuda-nos a amar sem reservas, e a lutar por um mundo mais justo.Infelizmente, movimentos como a teologia da prosperidade e outras correntes teologicas norte-americanas e super capitalistas, tem destruido verdadeiro sentido do evangelho, que eh simples e bom, transformando- num espetaculo grotesco de neo capitalismo espiritual, mas nao podemos generalizar. Embora enfrentemos essa praga neoliberal dentro das nossas igrejas, ainda temos muita gente do bem tentando acertar. Eh verdade que ha lobos em pele de cordeiro, mas ha muito, muito muito mais cordeiros do que lobo.
A maioria dos pastores vive na pindaiba, e a maioria das igrejas tem mesmo que fazer noite da pizza para pagar o aluguel e a conta de luz no fim do mes.
Que eu seja uma dessas pessoas malucas. Que minha port anunca se feche ao desolado e que eu nao me canse de amor o ferrado, o abandonado e o desprezado. Que eu lute por essas minorias em todas as instancias que eu puder, porque o Deus que eu creio, me fez assim desse jeito.
Fico aqui pensando...a maioria dos fieis rala um bocado para conseguir manter a igreja de pe...para a galera que trabalha em ONG, isso e’ tao diferente assim? Voces sabem como eh dificil manter as portas abertas em tempo de crise.
O Brasil tambem ta cheio de ONGs que nadam em grana, que tem financiamento internacional, e so’ Deus sabe de que maneira algumas delas aplicam o dinheiro mas ninguem faz piada com isso. Eh politicamente incorreto ne? Mas de crente pode... nos somos a bola da vez...
Todo mundo tira sarro do dizimo do crente, mas ninguem comenta que partido politico cobra 20% ao inves dos dez que o crente da, ne?
Eu fico muito triste de ver pessoas serias e comprometidas com as causas da luz, gente batalhadora e de bom coracao sendo humilhada por sua fe, por causa de uns e outros que sequer nos representam. Eu mesma, por pior crista que seja, nao mereco essas piadinhas infames que circulam por ai, e que geralmente sao postadas por companheiros que apregoam aos 4 ventos o respeito a diversidade.
Eh aquela coisa de que todos sao iguais, mas uns sao mais iguais dos que os outros...
Nao pode, gente, quem ja foi discriminado, nao pode discriminar.
A “igreja” fez por merecer? Talvez...mas de que igreja estamos falando ? da igreja do pastor Feliciano ou do Silas Malafaia? E por um acaso eles sao A igreja desde quando?
Ha falhas e excessos sim, mas nao vejo como combater fogo com fogo  possa ajudar a promover o respeito a diversidade. Esse preconceito e odio aos crentes tem levantado uma onda de bullying e assedio moral muito ruim e  o mundo nao precisa desse tipo de coisa. Ao inves de matar as ovelhas todas, vamos expor o lobo e salvar as ovelhas .
Gente como o Tonico Pereira e a poderosa Fernando Montenegro foram geniais ao protestar contra o Feliciano beijando colegas do mesmo sexo na boca.
Foi uma provocacao arretada, mas ainda assim foi amor. Ninguem precisou agredir ninguem.
Amor pra todo mundo! Chega de intolerancia, seja do lado de la ou do lado de ca.
“Uma pessoa boa quer amor, uma pessoa ma’ quer amor. Quer amor de verdade.
Todo mundo quer amor, todo mundo quer amor de verdade” (titas)



ps Mais um post sem correcoes..Tenho que postar assim mesmo, sem revisar, senao perco a coragem de publicar...seja o que Deus quiser..deem um desconto para as 4 da manha e pro teclado sem acentos... :)


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Amor que brota da dor

Fiquei com muito orgulho da nossa presidenta. Chorar junto na hora triste foi muito mais de mãe e de mulher, do que qualquer outra coisa, e saber que ela não perdeu esse instinto, esse principio, me levou a amá-la como a uma irmã. Estamos todos no mesmo barco. Nada é mais revolucionário e transformador do que a solidariedade infinita pela dor alheia. Quando nosso amor por um desconhecido nos inunda de forma a querer salva-lo, socorrê-lo e ampará-lo, então eu vejo que chegamos naquele ponto glorioso da existência, em que finalmente deixamos de ser indivíduos para nos tornarmos UM individuo coletivo. Uma única raça, uma mesma espécie humana.
Tive serias decepções com a Dilma em muitas frentes de seu governo. Às vezes me questionava onde teria ido parar a Dilma guerrilheira, mas hoje ao ver a grandeza dela ao entrar naquele ginásio repleto de corpos e ao emprestar solidariedade incondicional aos familiares das vitimas pessoalmente, então eu me re-apaixonei por essa mulher, que ignorou reuniões e encontros com lideranças do mundo afora, simplesmente para chorar seus mortos junto com o seu povo. Isso foi de uma grandeza poderosa!
Choremos nossos mortos Brasil e que seja também simbólico pelo choro por tantos outros jovens que tombaram por ai, vitimas da estupidez humana. Que essa tragédia sirva ao menos para resgatar o nosso senso de união, aguçar nosso senso de justiça e multiplicar de norte a sul um verdadeiro cântico de compaixão.
Senti vontade de voltar, de estar ai e abraçar cada mãe!
Fiquei com vontade de lutar ainda um pouco mais por um mundo onde "a força da grana não possa erguer e destruir coisas belas". (Caetano)
Uma tragédia evitável. Uma desgraça horrorosa, mas que ainda seja possível extrair alguma luminosidade de tudo isso. Algum sentimento grandioso que alquimicamente transforme dor em luz.
Estou aqui a pensar que foi preciso uma tragédia desse porte para unir esse povo por algo que não fosse futebol, big brother ou novela.
Não aliviando em nada para os responsáveis por essa tragédia, que devem ser punidos rigorosamente, quero crer que ainda temos algo a aprender com tanta dor.
Hoje nos levantamos como uma nação!
Enlutados sim, mas com a dignidade de quem não foge a luta.
Recuperamos o senso de pátria? De irmandade com nossos conterrâneos?
Então que essa dor esfregue o porão das nossas almas e limpe todo descaso e egoísmo.
Hoje somos todos pais, mães e amigos daqueles jovens. E esse amor brotado da dor nos tornou a todos irmãos.
Que isso, ao menos isso, faça a morte desses jovens menos vã..."